Fundação de Pires do Rio
Em 1920, o engenheiro Balduíno Ernesto de Almeida, diretor da Estrada de Ferro Goyaz, idealizou a instalação de uma Estação Ferroviária do outro lado do Rio Corumbá, que possibilitaria a continuidade da Ferrovia Centro Atlântica (FCA) em seu trajeto ao Porto de Santos/SP.
Para tanto, era necessário pedir aos fazendeiros que viviam do outro lado do rio que doassem parte de suas terras para a edificação da Estação. Vários proprietários foram procurados, mas foi o Coronel Lino Teixeira de Sampaio que se dispôs a abrir mão de parte da sua fazenda, sob a condição de que o terreno também fosse fracionado em lotes para formar uma pequena cidade. O montante obtido com o arrendamento dos lotes, também por ordem do Coronel, deveria ser direcionado para a investidura em educação formal para a povoação urbana que surgiria nessas mesmas terras.
Finalmente, na data de 9 de Novembro de 1922, nascia a cidade de Pires do Rio, quando também foram inauguradas a Estação Ferroviária e a imponente Ponte Epitácio Pessoa, com seus 120 metros de extensão sobre o Corumbá.
A cerimônia de inauguração e as devidas homenagens foram conduzidas pelo Sr. Balduíno que, conforme a história transmitida oralmente, não focou sua fala na Estação Ferroviária, dando lugar à euforia pela fundação da nova cidade. Até hoje o engenheiro é tratado como o fundador, até mesmo de acordo com o que registra o obelisco chamado de “A Pedra Fundamental de Pires do Rio”, na Praça José Cury Nasser (situada junto ao Mercado Municipal). Por outro lado, uma parcela da população ainda acha que o título deveria ter sido designado ao Coronel Lino Sampaio, sob o entendimento de que somente com a doação de suas terras que toda a obra foi viabilizada.
O nome dado à cidade é uma homenagem ao então Ministro de Viação e Obras Públicas do Governo Epitácio Pessoa, Dr. José Pires do Rio, que esteve inspecionando pessoalmente as construções da Ponte e da Estação em 1921, onde também teria profetizado que dali surgiria uma cidade.
O núcleo populacional que foi se fixando ao redor da Estação foi disposto de forma organizada e planejada pelo Sr. Álvaro Sérgio Pacca, desenhista-chefe da Estrada de Ferro Goyaz, incluindo os quadrantes urbanísticos das vias. Esse fato é único na história goiana, sendo Pires do Rio a primeira cidade planejada do Estado, antes mesmo de Goiânia ou Brasília.
Futuramente, com a consumação de um distrato dos terrenos doados por Lino Sampaio, este ainda haveria solicitado ao Sr. Moacir de Camargo, topógrafo da Estrada de Ferro Goyaz, que fizesse ajustes na planta original. Isso porque a cidade seguiu crescendo em ritmo acelerado, e a nova planta se ajustaria melhor à topografia da região, mantendo assim os princípios de planejamento urbano e o pioneirismo desse nível de organização em Goiás.
Em 1930, através da Lei n.º 903 de 7 de julho do referido ano, Pires do Rio foi elevada à categoria de cidade. Por força do Decreto n.º 5.200, de 8 de dezembro de 1931, foi anexado o território de Pires do Rio ao de Santa Cruz, constituindo daí um só município com sede em Pires do Rio e denominação de Santa Cruz.
Com o Decreto-Lei n.º 116, de 6 de janeiro de 1938, o município de Santa Cruz passa a denominar-se Pires do Rio e, no Quadro da Divisão Administrativa e Judiciária do Estado de Goiás, baixado pelo Decreto-Lei n.º 557, de 30 de março de 1938, Pires do Rio aparece como município e Santa Cruz como distrito.
Pires do Rio, que completou seus 100 anos de fundação no ano de 2022, também é conhecida como “cidade poema” e “terra dos beija-flores” — tanto que o primeiro termo faz parte do Hino Oficial do município, reforçando a importância simbólica da expressão aos munícipes.
Câmara Legislativa de Pires do Rio
No ano de 1930, quando foi elevada à categoria de cidade, Pires do Rio nomeou seu primeiro Conselho Municipal, composto por membros da Elite local (maiores contribuintes) e por pessoas de destaque indicadas pelo Prefeito ou Intendente. Esse Conselho era responsável pelas transformações do município que ali se fundamentava, ainda que pequenas e lentas. Algumas das atribuições eram: efetuar pagamentos, decidir sobre mercados, talhe de carne e cessão de imóveis, por exemplo.
Com o fim do Estado Novo e a retomada democrática no País, o primeiro Parlamento eleito por voto popular em Pires do Rio se deu em 1947.
A primeira diretoria foi composta por: Alfeu Rodrigues da Cunha, Alfredo de Rezende Mendonça, Aristóteles de Lacerda, Benedito Fernandes Sampaio, Delermando Mariano Nunes, Elizeu Machado Carneiro, Francisco Ribeiro do Prado, Francisco Rincon Segóvia, Jerônimo Cândido Gomide, João Cândido da Silva, José Gonçalves de Araújo, Iacer Calixto, Manoel Teixeira de Araújo e Péricles Pedro da Silva.
Em 2006 foi inaugurado o Edifício Goiaz Cavancanti Nogueira, quase 60 anos depois do Primeiro Parlamento democraticamente eleito na cidade, sendo o abrigo definitivo da Casa de Leis piresina até os dias atuais. No ano de 2022, quando Pires do Rio completou seu primeiro centenário de fundação, a Câmara Municipal cumpria sua XXII Legislatura.
Autoria: João Pedro de Souza Campos.
A vasta pesquisa desenvolvida pelo Sr. Virmondes Campos Júnior, escritor e poeta piresino, bem como o livro “Fundação e Emancipação de Pires do Rio 1921-1931 – 10 anos de história”, de João Albano Neto, foram objetos de estudo dotados de informações essenciais para o desenvolvimento deste escrito.